1 x de R$15,00 sem juros | Total R$15,00 | |
2 x de R$7,50 sem juros | Total R$15,00 | |
3 x de R$5,00 sem juros | Total R$15,00 | |
4 x de R$3,75 sem juros | Total R$15,00 | |
5 x de R$3,16 | Total R$15,78 | |
6 x de R$2,63 | Total R$15,78 |
Fazer implica a destruição – e implica, por consequência, a contradição –, nos processos de trabalho de Luciana Maas. As pinturas da artista exprimem essa negatividade por meio de uma recusa notável a fixar e estabilizar as estruturas que constrói. Por isso, o que suas telas exibem se parece mais com uma precipitação, um corte abrupto, do que com um desfecho ou uma conclusão resolvida de suas operações. A incongruência de procedimentos desconjuntados, que partem para direções diversas e às vezes divergentes em um mesmo plano, favorece esse caráter inconcluso, de coisas que não se encaixam. E não se encaixam mesmo. O que não significa, por outro lado, que os trabalhos tenham aparência incompleta ou interrompida. As obras são inteiras, carregadas, densas. Resultam em superfícies preenchidas por sobreposição e mais sobreposição de matéria e atividade.
Outro paradoxo aparente se refere justamente ao fato de que pinturas tão impregnadas de substância e ação sejam povoadas por corpos descarnados, mutilados, por objetos em desmancho, metidos em espaços incertos, envolvidos por luzes fluorescentes, nuvens de fumaça e gás – que, a julgar pelo brilho e pelas cores, são radioativos. Agora, se ainda assim os trabalhos inspiram inacabamento é porque, prontos, restam ainda como se estivessem em aberto, com seus acontecimentos em marcha contínua, de formação, distorção, desmoronamento e construção, de novo, de suas partes, de maneira diferente a cada vez, a cada exame – sobretudo nas telas pintadas por Luciana Maas a partir de 2012.
A presente exposição da artista constitui-se de uma seleção de obras que abrange esse período. Balanço reúne, na Fundação Iberê, cerca de 20 trabalhos produzidos nos últimos 15 anos, depois das primeiras experiências de Maas com a representação de cenas urbanas, entre 2005 e 2009. Dali em diante, a artista assume, de forma resoluta, o espaço da pintura como lugar de tensão, em que se formam unidades problemáticas, vivas e vibrantes. O labor torna-se prioritário em relação ao resultado da obra. Sobre as ideias de êxito e fracasso, prevalece o embate com os instrumentos, as técnicas, as operações e os movimentos do corpo durante a realização, os acidentes e as linguagens pictóricas. No processo de cada pintura, entram em disputa pensamentos contrários, gestos largos e mínimos, ligeiros e lentos, sujos e minuciosos, entram materiais distintos (a tinta a óleo, o bastão oleoso, o spray), na obsessiva atividade de colocar, espalhar, raspar e retirar tinta, de pintar, apagar, sujar e pintar de novo, de mexer e mexer, mais uma vez, aqui e ali, em franco vaivém.
José Augusto Ribeiro